IDEIAS POR ONDE COMEÇAR

Pequeno Guia de Bike Commuter para Iniciados

A maioria de nós quando se senta atrás do volante do automóvel, ainda antes de rodar a chave já está a fazer contas ao preço do combustível.

A verdade é que muito poucos acreditam que os preços desçam e menos ainda terão a sorte de lhes aparecer por aí alguém a oferecer a gasolina.

Contas por alto, quando se gasta por mês nas viagens de e para o trabalho? Quantos quilómetros faze diariamente enfiado no trânsito? Gasta 100 euros por mês? 150? 200? E o óleo e as revisões e as portagens?

Já pensou que quando vai ao hiper para poupar uns trocos, gasta outros na gasolina? E que se foss de bicicleta à mercearia da esquina poupava a gasosa, ajudava o comercio local e ainda fazia exercício?

Cortando a direito: para quem tiver vontade de experimentar uma alternativa 100 por cento amiga do ambiente e desenferrujar as pernas dando umas pedaladas a caminho do trabalho, aqui deixo algumas considerações sobre a aventura.

o Ciclista.

Que tal experimentar um destes fins-de-semana? Escolha o trajecto tendo presente que não tem de ser exactamente o mesmo que faz de carro. Dê preferência a um percurso mais calmo e seguro, mesmo que mais longo.

Evite estradas de muito movimento e cruzamentos complicados. Use parques e zonas pedonais para fugir aos carros, mas lembre-se que os sinais de trânsito também são para os ciclistas e tenha especial cuidado em locais frequentados por crianças.

A velocidade média de um autocarro na cidade de Lisboa é de 15 quilómetros por hora. Apenas umas décimas mais que a velocidade média de um ciclista urbano (o meu “computador de bordo” confirma).

No entanto o mais importante é termos presente que não estamos a fazer uma corrida. Pedalar é um prazer, mesmo quando pedalamos para o trabalho! Gerir o esforço e adoptar o ritmo que nos permita fazer a viagem em segurança é o mais importante.

Nas primeiras vezes que enfrentar aquela subidas em que estás a pensar neste momento, dará valor aos ciclistas do Tour, mas ao fim de pouco tempo pensará seguramente em desistir do ginásio e, com o dinheiro poupado, aplicar naquela bicicleta!

Para quem chegar ao trabalho a precisar de tomar um banho reparador, deixar aquela sensação de sovaco húmido, há sempre uma casa de banho onde nos podemos refrescar, mais não seja “à gato”. Alguma empresas dispõem de instalações sanitárias totalmente equipadas. A verdade é que há sempre uma solução.

a Bicicleta.

Pode usar qualquer bicicleta desde que esteja em perfeitas condições de funcionamento.

Se resolver ir resgatar às teias de aranha a “Esmaltina” esquecida na arrecadação, convém que seja revista por um mecânico antes de a submeter à tarefa dedicada. Por cerca de 15 euros terá uma vistoria completa em qualquer boa loja, fora o material, claro. Além disso, na loja pode pedir conselhos sobre a melhor forma de ajustar os pontos de apoio -selim, guiador e pedais- de forma a obter melhor conforto a pedalar.

A bicicleta tem de se adaptar ao tipo de trajecto a percorrer. Se é verdade que cidades planas são mais fáceis de pedalar, também é verdade que nessas cidades são usadas bicicletas muito pesadas e com poucas velocidades.

Qualquer sistema de transmissão actual tem pelo menos 14 velocidades, podendo chegar às 30 ou até mais. Em Amesterdão são comuns bicicletas com apenas 3 velocidades e mais de 20 quilos de peso…

No início e com os dias quentes, uma mochila servirá para transportar o necessário, até mesmo uma muda de roupa. No entanto, de futuro há que considerar uma grade traseira em par de alforges. Têm mais espaço, mas sobretudo aliviarão as costas do peso da mochila.

Com o tempo seco não são necessários guarda-lamas, embora as poças de água desperdiçada pela rega dos jardins nos causem algumas surpresas, mas no Inverno, e se pensa que a chuva não o demoverá de pedalar, são um extra a considerar.

As luzes numa bicicleta servem mais para sermos vistos do que para vermos. Branca à frente e vermelha atrás, são obrigatórias se se pretende pedalar à noite. As de LED oferecem maior visibilidade e existem em vários tamanhos. Se optar por um conjunto a pilhas, que sejam recarregáveis.

o Equipamento.

Aqui sim, há grandes diferenças entre as cidades mais planas e as menos. Se é possível ser chic em Copenhaga, já é mais difícil quando se sobe de Algés para Carnaxide e se pretende manter o orçamento de perfume em níveis aceitáveis…

Roupa prática e confortáveis é o quanto basta para começar. Caso a viagem exija mais esforço, roupa própria para actividade outdoor tem vantagens evidentes, mas não é de todo necessário parecer que falhámos a partida da Volta a Portugal…

Roupa clara, de preferência de cores vivas, dar-nos-á maior visibilidade na estrada, particularmente se o regresso já for deito com pouco luz natural. Embora, como em tudo, temos de nos sentir bem com o que fazemos e a simplicidade é tantas vezes o segredo.

O capacete é só por si assunto de tese académica, quando falamos de segurança. Popularizou-se junto dos praticantes das modalidades desportivas de bicicleta, mas é hoje vulgar nos bike commuters. Há quem seja incapaz de pedalar sem ele e há quem nem por brincadeira experimente um. Este blog não é idiológicamente fundamentalista, mas é seguramente responsável e recomenda que o uso ou não do capacete seja fruto da reflexão individual.

Existem tantas razoes a favor como contra o uso do capacete. Existem no mercado modelos para quase todos os gostos e bolsas. Há quem o defenda como paradigma da segurança e há quem o acuse do declínio da bicicleta que o uso é compulsivo. A liberdade aqui defendida é a da escolha individual.

O colete reflector é um acessório recomendado especialmente se pedalarmos em zonas de fraca iluminação pública e à noite. Não é de todo chic, mas dá bastante nas vistas.

Se usarmos calças e a bicicleta não tiver um guarda-corrente, uma mola de roupa manterá a perna direita das calças longe da corrente. Existem cintas próprias feitas de material reflector.

os Extras.

Pelo menos uma câmara de ar e um kit reparador de furos mais uma pequena bomba de enchimento, bem como um conjunto de ferramentas são sempre um bom investimento.

Conhecer a nossa bicicleta e saber executar pequenos trabalhos de manutenção e reparação, dá-nos confiança e maior capacidade para enfrentar imprevistos.

Se tiver de deixar a bicicleta na rua por algum tempo, convém adquirir um bom cadeado. Não espere que o amigo do alheio lhe leve a bicicleta para gastar esse dinheiro. Os cadeados em U são os mais resistentes e há-os com fechaduras bastante seguras.

Não se esqueça duma sonora campainha à antiga. Com o seu timbre característico é um bom avisador da sua aproximação e conseguirá sempre arrancar um sorriso ao peão distraído.

por fim.

O que atrás escrevi serve apenas para lhe tentar dar um empurrão, mas os pedais não sou eu que os ire fazer a girar. Uma coisa é certa, por todo o mundo “ocidental” a bicicleta está a entrar no dia a dia das cidades e a recuperar o seu papel como meio de transporte.

Lisboa pode ser assustadora à primeira vista, mas o prazer de rolar junto ao Tejo depressa lhe dará vontade de se aventurar pelas ruas e experimentar um ritmo diferente no sentir da cidade.

Bom, mas isso é para depois. Agora toca lá a limpar a “Esmaltina” e meter um pouco de ar nesses pneus. Ou vai ficar aí parado?…

Abraços e saudações revolucionárias!

HC

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2 Respostas para “IDEIAS POR ONDE COMEÇAR”

  1. Há cerca de ano e meio que ando de bicicleta por puro lazer.
    Nos últimos meses comecei a usá-la para algumas operações simples: ir à loja da esquina comprar vitualhas, deslocar-me à fisoterapia para tratar um arreliante “ombro congelado” (felizmente cada vez menos congelado), ir à Farmácia, levantar algum no Multibanco, ir “de aflitos” comprar um condimento para o jantar, etc..
    De uma coisa me apercebi, entre outras: levo sempre menos tempo a chegar do que aquele que antecipei.
    Reparo que as pessoas olham para mim na rua com simpatia, por vezes vejo gente a olhar com cara de quem pensa “eu bem poderia dar umas voltas de bike, que não me fazia mal nenhum”.
    Usar a bike como um instrumento do nosso bem estar é uma questão cultural.
    Pessoalmente, penso nunca vir a abandonar essa cultura.
    Abraço,
    Francisco

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