VAI DE CONTA-VOLTINHAS?
O primeiro acessório que comprei para a Trek foi um ciclo-computador! Longe ainda vinham os tempos em que troquei o automóvel pelos pedais mas entretanto passei a saber sempre a quantos ia Boavista abaixo e se a volta pelo Parque da Cidade Invicta tinha sido maior que no dia anterior. Sabia exactamente a média horária e esperava bater a máxima sempre que tinha pela frente uma descida mais apelativa. Tudo funcionava a pedais excepto aquela caixinha que consumia uma pilha por ano, mas valia a pena, pois até me avisava para ir ao mecânico ver os óleos! Não havia bicicleta que não merecesse uma coisa daquela e a minha não seria excepção.
Com a chegada da montada todo-o-terreno só tive de instalar um novo sensor na suspensão dianteira e um suporte de guiador porque o “conta-voltinhas” aceitava dois tamanhos de roda. Em pouco tempo já eram mais as vezes em que me esquecia de o mudar de bicicleta. De regresso a Lisboa e a mudança de hábitos, chegou a primeira dobrável e houve que a equipar também com o respectivo computador de bordo. Desta vez e de forma a não estender mais cabos na Dahon, optei por um conjunto sem fios o que significou duas pilhas, uma no receptor e outra no emissor. Esta última de longa duração mas mais cara quando foi preciso substituir.
Quando me tornei um commuter em bicicleta, e já lá vão mais de seis anos, a curiosidade alheia traduzia-se em perguntas diárias, muitas delas respondidas com recurso aos dados mostrados no pequeno ecrã. Quantos quilómetros fazia, a que velocidade, em quanto tempo e eu, admito até um pouco orgulhoso, lá ia carregando nos botãozinhos e fazendo aparecer os valores que, se para uns seriam modestos, para a maioria estavam acima da pedalada. A verdade é que sem um destes aparelhómetros não saberia quantos quilómetros fazia por mês, quanto da viagem era a pedalar e quanto de comboio. Pude até comparar a velocidade média em duas e em quatro rodas.
Entretanto foram já vários os conta quilómetros que me passaram pelas bicicletas. Uns mais simples e outros com funções que nunca cheguei a utilizar, até porque a maioria dos computadores para bicicleta estão pensados com o ciclista-desportista em mente. São realmente fundamentais para um atleta monitorizar a evolução do treino através do controlo da cadência de pedalada, do batimento cardíaco, da energia produzida. Tudo através da medição da ponderação de vários valores por estes pequenos computadores. Os mais avançados permitem trabalhar a informação referente a todos os atletas duma equipa de ciclismo por meio duma aplicação informática dedicada. Nos equipamentos mais caros é até possível juntar todas estas funções ao registo GPS e obter uma análise total do desempenho em determinado percurso.
À media que a bicicleta vai ganhando terreno na cidade aparecem mais produtos desenvolvidos especificamente para o ciclista urbano. Quase todas as marcas mantêm uns quantos modelos de funções básicas como seja a
distância percorrida total e parcial, velocidades máxima, média e no momento (VDO X1, Sigma BC509). Estes são normalmente mais baratos o que relativiza o prejuízo em caso de roubo ou perca. Há os mais específicos para
commuting com ecrã iluminado para poderem ser utilizados à noite e existem até com cálculo do CO2 não produzido (Cateye Commuter).
Existem modelos disponíveis em cores pouco ortodoxas (Knog N.E.R.D.) mas não menos atractivas(?).
Da última vez que o meu computador de bordo ficou sem bateria, acabou esquecido no fundo do alforge. É o que há mais tempo me acompanha e marcava já algarismos nas casas dos milhares. O totalizador era basicamente a única função que consultava a par do relógio. Com o tempo deixei de valorizar a sua utilidade. Com a rotina das deslocações já sabia os valores de cor e as médias mantêm-se inalteradas há muito. Quando concluí o projecto Raleigh ainda andei a ver na net um computador merecedor de ser instalado no seu guiador mas ainda não encontrei um que lhe faça jus à personalidade, embora esta bicicleta seja a que mais partido tiraria dum conta quilómetros já que é a mais errante de todas.
Um ciclista na cidade precisa de todos os sentidos bem acordados para lidar em segurança com os obstáculos. Se é engraçado ter a leitura imediata da velocidade a que passamos pelo meio dos engarrafamentos automóveis, não será menos certo que à mínima desatenção oferecemos um retrovisor novo a um desconhecido. Mesmo nos trajectos diários, há sempre boas razões para tirar partido da paisagem e não será ciclo+computador apenas um corta-barato?
Este texto foi muito tempo um dos inacabados rascunhos que guardo mas ao ler isto inspirei-me, mesmo arriscando ser acusado de plagiar, mais não seja o timming da publicação. Será que os ciclo-computadores fazem algum sentido para quem anda de bicicleta no dia-a-dia ou serão apenas instrumentos de apoio ao treino dos atletas? E o caro leitor usa ciclo-computador? E qual a importância que lhe dá?
2 de Outubro de 2011 às 20:04
Não resisto a uma interpelação do Humberto. Comprei um Sigma básico e sem fios quando passei a fazer 17,6km em cada sentido do trabalho-casa-trabalho, em 45min e média de 20-21km/h. Estável. Mas uso sempre o device, quanto mais não seja para saber que já fiz 1230km desde a passada Páscoa, quando comprei a bicicleta eléctrica. Nas outras bicicletas que uso, nem quero saber…
2 de Outubro de 2011 às 22:53
Curioso o timming deste tópico.
Durante o fds andei a pensar que tinha que ir montar o conta km de uma das bicicletas cujo cabo se havia partido, como se de uma obrigação se tratasse. Vai daí comecei a questionar este meu impulso de por conta-voltinhas em tudo o que é bicicleta cá de casa… Sim, é engraçado saber quantos km´s tem cada máquina, fazer médias à velocidade, aos litros de gasolina poupados, etc. São pequenos joguinhos que com o passar do tempo se vão tornando monótonos. Por isso resolvi deixar aquela bicicleta sem conta km. Assim, pensei eu, não me distraio com isso e centro-me no que é mais importante. Chegado a esta conclusão resolvo dar uma volta pelas net´s e eis que me deparo com este artigo :)
Abraço,
Júlio
2 de Outubro de 2011 às 23:24
Quando comprei a minha primeira bicicleta nova para passar a ir nela para o trabalho, uma das primeiras coisas que fiz foi instalar um conta-quilómetros.
Tem tido várias funções…
Uma delas é motivacional – ao ver a distância total percorrida, temos um reforço positivo instantâneo, uma espécie de auto-elogio pelos litros de gasolina e euros que poupámos, pelo gases de efeito de estufa que não libertámos, pelo exercício físico que realizámos.
Outra função tem a ver com o conhecimento da própria bicicleta. Sei qual a velocidade que posso atingir, sei quando entro em modo de roda-livre (quando já não tenho mudanças que cheguem para acompanhar a velocidade da bicicleta numa descida), etc. Não sendo a função mais importante, ocasionalmente dá jeito.
Finalmente, o relógio é outra das funções que utilizo com frequência. Que horas são; que tempo demoro a percorrer esta ou aquela rota, quando vou mais acelerado ou mais descontraído; etc.
Estes dias, arranjei finalmente uma bicicleta suplente (emprestada) que vou afinar e usar de forma mais esporádica. Ainda estou indeciso se instalo ou não um conta-quilómetros. Mas na minha bicicleta principal – talvez por ter marcado uma mudança significativa na minha vida – foi sempre um acessório essencial. Fez parte da aprendizagem e da experiência de mudança.
3 de Outubro de 2011 às 11:19
Saber os quilómetros percorridos, a velocidade máxima, médias obtidas, em qualquer circunstância que o faça na estrada ou em caminhos campestres são dados que nos deixam curiosos nos motivam e de certa forma nos deixam embevecidos, mas numa utilização mais urbana, comutando com em passeio até ao Parque da Cidade ou à praia, os dados com mais interesse para mim são saber as horas e a temperatura.
3 de Outubro de 2011 às 22:06
Caros amigos, hoje em dia já quase toda a gente tem “smartphones” – o Iphone, os Androids, com variados preços ao alcance da maior parte das bolsas – e existem para esses smartphones diversas aplicações gratuitas livremente acessíveis, específicas para desportistas, ciclistas incluídos, que registam as velocidades, os percursos, os tempos, a quilometragem, etc., com recurso a utilitáros de GPS com os quais estão equipados.
Eu uso dois: o Sportstracker e o Sportstracker Live, que além dos dados acima me dão também a pulsação e são configuráveis para disparar um alarme a partir de certo limite, o que é sempre bastante útil.
Experimentem e verão que vale a pena.
Um abraço,
Francisco